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Empresa mineira é esperança contra praga agrícola

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Vem do interior de Minas Gerais a esperança contra uma praga agrícola que a cada ano causa prejuízos de US$ 100 bilhões ao redor do mundo. A Rizoflora, de Viçosa, desenvolveu um produto inovador para o combate ao nematóide, parasita responsável por até 20% das perdas em diversas culturas, como café, soja, feijão e batata. 

No dia 4 de abril, a empresa tornou-se a primeira a receber investimentos do Criatec, fundo de capital semente apoiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Foram aplicados cerca de R$ 1 milhão, recursos que vão estruturar a empresa para viabilizar a produção industrial. 

"Nosso objetivo é ajudar cientistas e empresários a transformar boas idéias em grandes negócios", explica Eduardo Sá, gerente de fundos de investimentos do BNDES. O capital semente beneficia empreendimentos em fase inicial de estruturação, muitas vezes ainda dentro de laboratórios e incubadoras. 

É justamente o caso da Rizoflora. A empresa, que funciona no campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e ainda não possui faturamento, é fruto de mais de 20 anos de trabalho do pesquisador Leandro Grassi, professor da UFV e sócio da Rizoflora. Ele é o responsável pelo desenvolvimento do produto de combate ao nematóide, que possui como principal diferencial ser uma solução orgânica. Isso significa a ausência de riscos para o ser humano e o meio ambiente. Até hoje, a alternativa dos produtores era a utilização de agrotóxicos. "Além de ineficiente em muitos casos, o controle químico representa perigo à natureza e à saúde de consumidores e trabalhadores rurais", afirma Leandro. 

A expectativa é que, em quatro anos, a Rizoflora esteja faturando cerca de R$ 20 milhões. Apesar de promissora, a empresa não reuniria condições de levantar recursos no sistema bancário tradicional, devido à exigência de garantias reais que o negócio ainda não possui. "Nós tínhamos a tecnologia, mas faltavam recursos para acelerar o crescimento do negócio", diz Leandro. 

Para Cláudio Furtado, vice-reitor da UFV, apoiar empreendedores com perfil inovador é fundamental para que surjam no País empresas em condições de competir não só pelo mercado nacional, como no comércio global. “O resultado será a criação de empregos qualificados e a geração de divisas para o Brasil, o que na prática irá significar a melhoria da qualidade de vida de toda a população”, diz Cláudio. Referência no apoio a projetos inovadores, a UFV abriga dois arranjos produtivos locais, um de tecnologia da informação e outro de biotecnologia, além de um programa de incubação de empresas de base tecnológica reconhecido nacionalmente.